A QUÍMICA ORGÂNICA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 25 ANOS
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A QUÍMICA ORGÂNICA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 25 ANOS
"A química cria seus próprios temas. Esta habilidade criativa, similar à arte, essencialmente a distingue de outras ciências naturais" M. Berthelot (1827-1907).
Desde a fundação da SBQ, a área de Química Orgânica sempre foi uma das mais ativas dentro da Sociedade, pois na sua primeira reunião anual, em 1978 e ainda associada às reuniões anuais da SBPC, teve cinco seções científicas, a saber: Química Analítica, Físico-Química, Química Inorgânica, Química Orgânica e Química de Produtos Naturais. Posteriormente outras seções foram criadas, sugerindo que no futuro as áreas clássicas seriam desmembradas em divisões científicas.
A área de Química Orgânica decidiu-se pela criação da Divisão de Síntese Orgânica, que teve como primeiro diretor o saudoso Prof. José Tércio B. Ferreira. Posteriormente, por decisão dos seus membros, em 1996, a Divisão de Síntese Orgânica teve seu nome modificado para Divisão de Química Orgânica, pois assim poderia representar de forma mais coesa um universo maior de pesquisadores.
Na tentativa de traçar um quadro evolutivo da área de Química Orgânica na SBQ, foram consultados os dados contidos nos Livros de Resumo das reuniões anuais a partir de 1978. A partir desses dados foram criados alguns indicadores representativos das diversas atividades e trabalhos apresentados nas reuniões anuais da SBQ e nos BMOS. Esses indicadores envolvem os aspectos a seguir. Indicadores I1: estudos de mecanismos, investigação de processos, derivatizações e transformações diretas e/ou conversões sintéticas; métodos de separação cromatográfica; estudos cinéticos; medidas espectroscópicas; estudos comparativos, etc.38; Indicadores I2: sínteses em etapas múltiplas envolvendo mais do que duas etapas sintéticas em seqüência; Indicadores I3: desenvolvimento de novas metodologias, englobando novos métodos sintéticos e/ou uma nova abordagem em processo sintético envolvendo até duas etapas de síntese39; Indicadores I4: sínteses envolvendo aspectos de estereosseletividade40,41; Indicadores I5: desenvolvimento de metodologias envolvendo aspectos de estereosseletividade, como por exemplo o uso de auxiliares quirais, catálise assimétrica, reagentes quirais, etc.; Indicadores I6: métodos biocatalíticos envolvendo todos os trabalhos utilizando enzimas tanto no aspecto sintético como mecanístico.
Apesar de existirem outros indicadores possíveis, acreditamos que estes demonstrem como a Química Orgânica evoluiu no país, sob o olhar das reuniões anuais da SBQ.
Em termos químicos, o perfil dos trabalhos também mudou consideravelmente. De 1979 para 2001, observa-se pelo Indicador I1, que a área era dominada por trabalhos envolvendo o desenvolvimento de processos, estudos e determinações estruturais por métodos espectroscópicos, cinéticas das reações e vários outros aspectos mecanísticos. Gradualmente, as duas outras macro linhas de pesquisas, representadas pelos Indicadores I2 e I3, foram crescendo e, atualmente, representam o perfil predominante da área. A partir de 1984, começaram a aparecer trabalhos em síntese assimétrica de forma sistemática, o que é aparente pelos Indicadores I4 e I5, apesar do primeiro trabalho em síntese assimétrica ter sido publicado em 197942. Vários trabalhos apresentados ao longo dos anos mostraram que a biocatálise, utilizando microorganismos do solo brasileiro, pode representar uma fonte valiosa e promissora de materiais quirais. É importante ressaltar a preocupação dos pesquisadores da área de síntese com a quiralidade, ou seja, com a preparação de substâncias enantiomericamente puras ou enantiomericamente enriquecidas, que possam ser utilizadas como matéria-prima em processos sintéticos ou biotecnológicos.
Da mesma forma que nas reuniões anuais, o número de resumos em síntese orgânica continua aumentando nos BMOS, indicando claramente o vigor da síntese dentro do contexto da Química Orgânica. A análise conjunta dos dados indica que a atividade de desenvolvimento de métodos em síntese (I3) foi majoritária ao longo dos últimos 14 anos, em detrimento das investigações mecanísticas e dos estudos espectroscópicos. A segunda macro linha de pesquisa mais produtiva foi a de sínteses totais (I2), mas as atividades em sínteses totais assimétricas (I4), catálise assimétrica (I5) e enzimática (I6) vêm se consolidando como as novas fronteiras da Química Orgânica no Brasil.
Texto retirado e editado da revista Quimica Nova vol.25
Desde a fundação da SBQ, a área de Química Orgânica sempre foi uma das mais ativas dentro da Sociedade, pois na sua primeira reunião anual, em 1978 e ainda associada às reuniões anuais da SBPC, teve cinco seções científicas, a saber: Química Analítica, Físico-Química, Química Inorgânica, Química Orgânica e Química de Produtos Naturais. Posteriormente outras seções foram criadas, sugerindo que no futuro as áreas clássicas seriam desmembradas em divisões científicas.
A área de Química Orgânica decidiu-se pela criação da Divisão de Síntese Orgânica, que teve como primeiro diretor o saudoso Prof. José Tércio B. Ferreira. Posteriormente, por decisão dos seus membros, em 1996, a Divisão de Síntese Orgânica teve seu nome modificado para Divisão de Química Orgânica, pois assim poderia representar de forma mais coesa um universo maior de pesquisadores.
Na tentativa de traçar um quadro evolutivo da área de Química Orgânica na SBQ, foram consultados os dados contidos nos Livros de Resumo das reuniões anuais a partir de 1978. A partir desses dados foram criados alguns indicadores representativos das diversas atividades e trabalhos apresentados nas reuniões anuais da SBQ e nos BMOS. Esses indicadores envolvem os aspectos a seguir. Indicadores I1: estudos de mecanismos, investigação de processos, derivatizações e transformações diretas e/ou conversões sintéticas; métodos de separação cromatográfica; estudos cinéticos; medidas espectroscópicas; estudos comparativos, etc.38; Indicadores I2: sínteses em etapas múltiplas envolvendo mais do que duas etapas sintéticas em seqüência; Indicadores I3: desenvolvimento de novas metodologias, englobando novos métodos sintéticos e/ou uma nova abordagem em processo sintético envolvendo até duas etapas de síntese39; Indicadores I4: sínteses envolvendo aspectos de estereosseletividade40,41; Indicadores I5: desenvolvimento de metodologias envolvendo aspectos de estereosseletividade, como por exemplo o uso de auxiliares quirais, catálise assimétrica, reagentes quirais, etc.; Indicadores I6: métodos biocatalíticos envolvendo todos os trabalhos utilizando enzimas tanto no aspecto sintético como mecanístico.
Apesar de existirem outros indicadores possíveis, acreditamos que estes demonstrem como a Química Orgânica evoluiu no país, sob o olhar das reuniões anuais da SBQ.
Em termos químicos, o perfil dos trabalhos também mudou consideravelmente. De 1979 para 2001, observa-se pelo Indicador I1, que a área era dominada por trabalhos envolvendo o desenvolvimento de processos, estudos e determinações estruturais por métodos espectroscópicos, cinéticas das reações e vários outros aspectos mecanísticos. Gradualmente, as duas outras macro linhas de pesquisas, representadas pelos Indicadores I2 e I3, foram crescendo e, atualmente, representam o perfil predominante da área. A partir de 1984, começaram a aparecer trabalhos em síntese assimétrica de forma sistemática, o que é aparente pelos Indicadores I4 e I5, apesar do primeiro trabalho em síntese assimétrica ter sido publicado em 197942. Vários trabalhos apresentados ao longo dos anos mostraram que a biocatálise, utilizando microorganismos do solo brasileiro, pode representar uma fonte valiosa e promissora de materiais quirais. É importante ressaltar a preocupação dos pesquisadores da área de síntese com a quiralidade, ou seja, com a preparação de substâncias enantiomericamente puras ou enantiomericamente enriquecidas, que possam ser utilizadas como matéria-prima em processos sintéticos ou biotecnológicos.
Da mesma forma que nas reuniões anuais, o número de resumos em síntese orgânica continua aumentando nos BMOS, indicando claramente o vigor da síntese dentro do contexto da Química Orgânica. A análise conjunta dos dados indica que a atividade de desenvolvimento de métodos em síntese (I3) foi majoritária ao longo dos últimos 14 anos, em detrimento das investigações mecanísticas e dos estudos espectroscópicos. A segunda macro linha de pesquisa mais produtiva foi a de sínteses totais (I2), mas as atividades em sínteses totais assimétricas (I4), catálise assimétrica (I5) e enzimática (I6) vêm se consolidando como as novas fronteiras da Química Orgânica no Brasil.
Texto retirado e editado da revista Quimica Nova vol.25
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